Hoje me peguei a devanear acerca da arte que é saber conversar. É curioso observar nas relações como o que temos a dizer é mais importante do que ouvir aquilo que o outro nos refere. Todo mundo quer falar, ser ouvido, mas ninguém quer se dar ao exercício de aprender a escutar ou ficar em silêncio – por ledo engano, consideramos que sempre temos que dar a nossa opinião sobre determinado assunto. Parece-me que cada vez mais, desaprendemos a conversar.
Um dos objetivos da conversa, da comunicação - é nos aproximar do outro, criar um laço afetivo, fazer contato. É claro que em alguns momentos é necessário um contraponto, um campo de intercessão, porém, não nos damos conta que conversar não é persuadir o outro, muito menos seduzir ou convencer.
Um dos objetivos da conversa, da comunicação - é nos aproximar do outro, criar um laço afetivo, fazer contato. É claro que em alguns momentos é necessário um contraponto, um campo de intercessão, porém, não nos damos conta que conversar não é persuadir o outro, muito menos seduzir ou convencer.
Quantas vezes olhamos a nossa volta e “achamos” que as pessoas estão conversando, mas não é exatamente isso o que ocorre. Gosto muito da profundidade em que Márcia Tiburi - filósofa que tenho verdadeira admiração, aborda sobre essa temática.
“Conversações estranhas, porque sem diálogo, aparecem quando numa festa, num encontro casual, ou na escola, no trabalho, ou mesmo em casa, contamos sobre um filme que vimos. A pessoa a quem nos dirigimos, quem deveria conversar sobre o que lhe dizemos, recorre imediatamente a outro filme que ela viu ou diz não gostar de cinema. Fazemos isso e assim nem conversamos sobre o filme assistido por quem narra o fato, nem o visto por quem o ouve. Perdemos a capacidade de prestar atenção no que foi dito. A capacidade de escutar está em extinção. Se usarmos outro exemplo perceberemos o fenômeno de modo ainda mais claro: quando alguém fala de seus problemas, o outro, aquele que deveria ouvir, sempre comparece com seus exemplos interrompendo a atenção necessária à exposição do primeiro, quando não chega a dizer “não quero ouvir, pois isso não me acrescentará nada”, como se conversar – o que fazemos de mais humano - fosse uma troca mercantil de lucros e ganhos. Ou ainda, interrompe com um “eu sei” prepotente, inviabilizando toda descoberta. Em outras palavras, nos tornamos – em graus variados - incomunicáveis. Em tempos de comunicação de massas, numa sociedade estimulada pela mídia que nem sempre cumpre com seu papel de comunicar, esta se tornou uma questão essencial”.
Ao invés de tentarmos moldar o outro com nossas medidas prontas, podemos desfrutar sim de seu mundo subjetivo, de suas opiniões, ouvir suas questões, suas lamentações e compreender seus desejos, frustrações, crenças e necessidades.
Definitivamente, hoje cheguei à conclusão que saber escutar é uma arte! Portanto, precisamos aprender a conversar, seja um artista e descubra através da escuta um pouco mais sobre a forma peculiar que é o MUNDO DO OUTRO.