segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CULPA OU VERGONHA, se você pudesse o que escolheria?

Sem titubear, eu responderia, prefiro a culpa.
Embora essas emoções estejam intimamente ligadas, elas são distintas. Temos a tendência de sentir culpa quando violamos regras estabelecidas socialmente ou quando não correspondemos aos padrões e princípios que estabelecemos para nós mesmos.
Para nos sentir culpados precisamos do olhar do outro, ou seja, que outras pessoas nos aprovem ou recriminem, porque nunca estamos sozinhos nessa. Geralmente nos culpamos porque algumas crenças e valores foram transmitidos em algum momento do passado. Quando crianças, recebemos regras, um monte de normas, por exemplo, você não pode falar palavrão, não pode bater no seu irmão. Se você tiver um caso extraconjugal e for descoberto, muito provavelmente você vai se sentir culpado, porque a nossa sociedade condena a traição, fomos ensinados – nos foi passado valores acerca do casamento monogâmico. Entretanto, se você vivesse em sociedades que permitissem a poligamia, como a muçulmana, por exemplo, você não sentiria culpa nenhuma. A culpa vem sempre das regras que a gente recebe.
A vergonha envolve a sensação de que fizemos algo de errado - o que significa que somos “inadequados”, “terríveis”, “podres” ou “maus”. A vergonha está geralmente ligada a uma visão altamente negativa de nós mesmos, é diretamente referida à auto-estima.
É comum às vezes "morrermos de vergonha" de certos atos, situações que talvez ninguém jamais nos culparia. Por exemplo, podemos sentir vergonha se caímos no meio da rua. Quando nos envergonhamos, o olhar do outro atrelado ao nosso desprezo por nós mesmos torna viver o momento insuportável. Todos estão ali, mas o envergonhado gostaria de desaparecer para que a falha que o envergonha não fosse percebida. A vergonha tem a ver com uma depreciação fatal, instantânea de nós mesmos. Quando alguém enrubesce, aquele que o vê enrubescido pode nem saber por que, mas o envergonhado sente que está inadequado, estabanado, ou simplesmente errado.

Culpa e vergonha frequentes significam que ou você está vivendo sua vida de um jeito que transgride seus princípios ou que você está julgando um número excessivo de pequenas ações como sendo sérias.
Existem cinco aspectos em relação à superação da culpa e da vergonha: avaliar a gravidade de suas ações, pesar a responsabilidade pessoal, fazer reparos de quaisquer danos que você tenha causado e o autoperdão. Frequentemente, apenas uma ou duas dessas etapas são necessárias para nos ajudar a superar a culpa. A superação de vergonha profunda pode exigir todas as cinco etapas, razão esta pela qual eu escolhi a culpa sem titubear.
Contudo, ninguém é perfeito. Todos nós, em algum momento ou outro, violamos nossos próprios princípios ou padrões. Mas violações não significam necessariamente que somos pessoas más. Nossas ações podem estar relacionadas a uma situação em particular ou a uma época específica de nossas vidas.
Fonte: Greenberger, Dennis. A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O MUNDO DO OUTRO

Hoje me peguei a devanear acerca da arte que é saber conversar. É curioso observar nas relações como o que temos a dizer é mais importante do que ouvir aquilo que o outro nos refere. Todo mundo quer falar, ser ouvido, mas ninguém quer se dar ao exercício de aprender a escutar ou ficar em silêncio – por ledo engano, consideramos que sempre temos que dar a nossa opinião sobre determinado assunto. Parece-me que cada vez mais, desaprendemos a conversar.

Um dos objetivos da conversa, da comunicação - é nos aproximar do outro, criar um laço afetivo, fazer contato. É claro que em alguns momentos é necessário um contraponto, um campo de intercessão, porém, não nos damos conta que conversar não é persuadir o outro, muito menos seduzir ou convencer.
Quantas vezes olhamos a nossa volta e “achamos” que as pessoas estão conversando, mas não é exatamente isso o que ocorre. Gosto muito da profundidade em que Márcia Tiburi - filósofa que tenho verdadeira admiração, aborda sobre essa temática.
“Conversações estranhas, porque sem diálogo, aparecem quando numa festa, num encontro casual, ou na escola, no trabalho, ou mesmo em casa, contamos sobre um filme que vimos. A pessoa a quem nos dirigimos, quem deveria conversar sobre o que lhe dizemos, recorre imediatamente a outro filme que ela viu ou diz não gostar de cinema. Fazemos isso e assim nem conversamos sobre o filme assistido por quem narra o fato, nem o visto por quem o ouve. Perdemos a capacidade de prestar atenção no que foi dito. A capacidade de escutar está em extinção. Se usarmos outro exemplo perceberemos o fenômeno de modo ainda mais claro: quando alguém fala de seus problemas, o outro, aquele que deveria ouvir, sempre comparece com seus exemplos interrompendo a atenção necessária à exposição do primeiro, quando não chega a dizer “não quero ouvir, pois isso não me acrescentará nada”, como se conversar – o que fazemos de mais humano - fosse uma troca mercantil de lucros e ganhos. Ou ainda, interrompe com um “eu sei” prepotente, inviabilizando toda descoberta. Em outras palavras, nos tornamos – em graus variados - incomunicáveis. Em tempos de comunicação de massas, numa sociedade estimulada pela mídia que nem sempre cumpre com seu papel de comunicar, esta se tornou uma questão essencial”.
Ao invés de tentarmos moldar o outro com nossas medidas prontas, podemos desfrutar sim de seu mundo subjetivo, de suas opiniões, ouvir suas questões, suas lamentações e compreender seus desejos, frustrações, crenças e necessidades.
Definitivamente, hoje cheguei à conclusão que saber escutar é uma arte! Portanto, precisamos aprender a conversar, seja um artista e descubra através da escuta um pouco mais sobre a forma peculiar que é o MUNDO DO OUTRO.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CULTO AO PASSADO

Hoje compartilho com vocês uma reflexão sobre o filme MEIA NOITE EM PARIS, recomendado por minha amiga Ju.

Gil (Owen Wilson) interpreta um roteirista que viaja a Paris com a noiva Inez (Rachel McAdams) e os pais dela. Durante o dia, ele passa o tempo com a família milionária e seus amigos esnobes. À noite, ele é transportado para outra Paris, muito mais interessante e curiosa.

O filme retrata um cenário encantador e romântico, na Cidade Luz é claro! Woody Allen, antes de tudo, mostra a mágica do amor, porém aborda como tema central a eterna insatisfação do Homem perante a vida, daí a fuga do protagonista para outra "realidade" em busca da felicidade, da paixão e desejo por um passado que ele não vivenciou, onde surgiam os grandes ídolos que ele admirava em seu presente insatisfatório.

Bom, quantos de nós já não sentimos essa insatisfação em algum momento?

  
O culto ao passado, essa coisa de achar que eu perdi o melhor da festa é um sentimento muito comum entre as pessoas, ou seja, acreditamos que o tempo presente é menos interessante do que outros tempos passados. Como disse minha amiga Historiadora Juliana, "claro que é importante e até mesmo necessário conhecer o que veio antes, mas por outro lado, é também um desperdício quando supervalorizamos esse passadismo".

Talvez viver o aqui e agora, ou seja, estar presente no hoje seja um dos maiores desafios que temos a enfrentar. Este tempo é o único que a gente tem, por isso, "deveríamos" - pelo menos tentar, aproveitá-lo da melhor forma possível.

E você? Como vive a vida? De passado, futuro, ou de aqui e agora?
De maneira geral, não vivemos o presente. É claro que não existe nenhuma receita pronta, mas parece-me que precisamos "nos desligar" de alguns pensamentos às vezes, e prestar atenção ao nosso redor, nas coisas que estão acontecendo, mesmo as coisas simples. Vale a reflexão!