terça-feira, 4 de junho de 2013

NAMORO NA INFÂNCIA

Nas brincadeiras de crianças fica evidente o quanto elas estão interessadas na vida dos adultos, principalmente dos pais. Brincam abertamente de papai e mamãe. Expressam de modo simbólico e sofisticado, as mesmas preocupações através de histórias, jogos e versinhos.

O que fazer quando a criança chega em casa falando que está namorando, ou que beijou o menino ou a menina na escola?

Não é incomum ver pais que não percebem a gravidade do problema, estimulando com brincadeiras que acabam incentivando os namoricos da criançada, conduzindo a uma realidade na maioria das vezes preocupante: a erotização precoce – uma forma distorcida que afasta a criança daquilo que é realmente importante e próprio da idade, como por exemplo, o aprendizado escolar. É como se ela deixasse de focar no aprendizado para vivenciar a sexualidade.

A partir daí, são constantes chegar aos consultórios queixas de pais acerca da falta de concentração da criança em sala de aula, que o filho brigou com o amiguinho por ciúme da menina que está namorando e por aí a fora.

Percebo como é difícil para os pais saberem como agir nesta situação. Muitas vezes a culpa e a confusão da infância e adolescência ainda presentes em suas vidas, torna confuso saber o que fazer, ou dizer aos filhos a esse respeito.

Assim como também é difícil para a criança entender ser demasiado jovem para namorar, presenciando os mais velhos, particularmente seus pais namorando. Isso significa que precisa esperar até se tornar adulta, o que ainda vai levar um tempo.

Reprimir, fingir que não estão vendo, incentivá-los, tampouco reagir violentamente, como se namorar fosse algo intolerável ou pecaminoso são reações falhas.
A criança precisa de ajuda, de orientação - que, aliás, é o subsídio mais eficaz que os pais tem para ajudar os filhos neste, e em outros momentos. Quando os pais conversam sobre a temática com a criança, ela sente-se aliviada porque os pais sabem o que acontece sem repudia-la. Sente-se consolada sabendo que todas as crianças em algum momento irão apresentar esse mesmo sentimento que ela – “apaixonar-se” pelo coleguinha.

Penso que seja fundamental o papel dos pais em mostrar as diferenças do mundo adulto e infantil. Os pais podem numa conversa informal, mostrar a criança - de repente fazendo uma analogia com um relógio - onde tudo tem o seu tempo. Assim como temos hora para acordar, almoçar, ir para a escola, também chegará o momento que a criança poderá namorar.
Às vezes é necessário chegar para a criança e dizer sim, que ela só vai beijar na boca quando crescer e ainda assim, com o consentimento do outro.

Tudo tem o seu tempo! Saber esperar faz parte!!

(Por Deysi Marques da S. Silveira)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA


Depois de um longo período sem escrever, meu retorno às postagens traz um tema bastante presente no cotidiano dos psicólogos: a avaliação psicológica ou psicodiagnóstico – o que é isso? É o “modo de conhecer fenômenos psicológicos e processos psicológicos por meio de procedimentos de diagnóstico e prognóstico”. Abrange aspectos passados, presentes e futuros.

Dentre algumas técnicas de exame psicológico, estão: os testes psicológicos, escalas e inventários, técnicas projetivas, entrevista, dinâmicas de grupo e provas situacionais.

É importante destacar que os testes fazem parte da avaliação, mas a avaliação não se restringe ao uso de testes. Os testes são ferramentas, isto é, subsídios que auxiliam os profissionais na compreensão do indivíduo como um todo.

A avaliação psicológica está presente em diversos campos de atuação, tais como: orientação psico-pedagógica, no trânsito, seleção e treinamento de pessoal, no esporte, na formação e avaliação de equipes, na orientação profissional, na psicoterapia, na prevenção ou tratamento de distúrbios psicológicos, na justiça.

O psicodiagnóstico está atrelado ao trabalho clínico e tem como finalidade realizar o diagnóstico, conhecendo a estrutura e funcionamento da pessoa nas várias dimensões psicológicas, nomeadamente: cognitiva/intelectual, emocional/dinâmica afetiva e relacional, bem como, fazer encaminhamento específico para processos terapêuticos.   
     
Para tanto, a avaliação psicológica não tem como finalidade somente identificar e caracterizar os aspectos deficitários ou patológicos, mas em reconhecer os seus recursos potenciais e suas possibilidades. Em outras palavras, procura valorizar o que o indivíduo tem de melhor.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

COMO VOCÊ SE SENTE AGORA? ANSIOSA(O) COM ALGO?

Quem não se sente ansioso(a) nos dias de hoje, não é mesmo? A ansiedade é um dos males da modernidade. O estilo de vida agitado de nossa sociedade cada vez mais causam impactos, desafiando a estabilidade psicológica, que é condição indispensável para a nossa saúde.

As dificuldades em lidar com as pressões do dia a dia, tais como: problemas financeiros, conflitos com pessoas queridas, enfrentamento de uma separação ou divórcio, a mudança para uma nova cidade, falta de amor, congestionamentos no trânsito, dentre outros, possibilitam o excesso de ansiedade e consequentemente, de estresse.

Atualmente, uma causa também bastante comum em sentirmos ansiedade é a necessidade em realizarmos escolhas. Se erramos na escolha da roupa, do filme ou da praia, tudo bem, mas se erramos na escolha de uma profissão ou de um relacionamento, parece que a coisa complica. Porém, não significa que porque fizemos uma escolha errada, teremos que ficar com ela para o resto de nossas vidas. Sempre há novos caminhos, novas possibilidades.

A ansiedade é um sentimento experimentado por todas as pessoas. Em algum momento de nossas vidas, em maior ou menor grau, somos todos ansiosos. Sendo assim, a ansiedade - não exacerbada, é uma reação normal - de auto-preservação.

Antigamente, éramos desafiados por predadores, hoje, as ameaças são outras. Não enfrentamos mais leões, porém, estamos expostos a diversos tipos de perigos e ameaças. Além dos naturais, há outros relacionados à vida em sociedade, como realizar uma entrevista de emprego, esperar o resultado de uma prova ou discutir com o chefe. Nessas situações, embora o perigo seja real, ele não vem sob a forma de uma ameaça física, mas sim, de uma ameaça ao bem estar-subjetivo de uma forma geral.

Em situações de perigo potencial, podemos sentir medo, preocupação, desânimo, e várias reações fisiológicas de estresse, destacando-se a taquicardia, a hipertensão, náusea, dificuldade para respirar, perturbações do sono e níveis elevados de glicocorticóides.

Quando o nosso cérebro identifica algo como “ameaçador”, procuramos recursos internos para enfrentar esta ameaça. Quando nos deparamos frente a uma nova situação, podemos – ou não, sentir desconforto, insegurança e medo. É claro que o medo não é de todo ruim – imagine se não tivéssemos medo ao atravessar a rua. Muito provavelmente seriamos atropelados. O medo é necessário para a nossa sobrevivência. O problema é quando paralisamos de tal forma que ficamos impedidos de agir em direção aquilo que almejamos. Nessas situações, somos incapazes de relaxar, ficamos cansados e às vezes até mesmo esgotados.


A ansiedade quando em excesso, pode trazer doenças físicas, como por exemplo, a gastrite, mas também pode ser adaptativa, se motivar comportamentos de enfrentamento eficazes. Para tanto, quando ela se torna tão grave a ponto de perturbar o funcionamento normal, é chamada de transtorno de ansiedade.

E se isto ocorre, é porque não estamos encontrando recursos internos de enfrentamento suficientes para lidar com as circunstâncias, e sem tratamento pode se tornar uma doença extremamente limitadora. O sofrimento pode ser tão grande que corremos o risco de ficarmos impedidos de ter contato com qualquer evento que possa desencadear os sintomas. Às vezes, apenas o medo do medo já é suficientemente limitador, como diz aquela música de Lenine: “...medo que dá medo do medo que dá”... Por isso, ajudar a superar a ansiedade e outras formas de sofrimento é um dos objetivos da psicoterapia. E quando necessário, o paciente deve ser encaminhado a um profissional da Psiquiatria para ser avaliado e medicado.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O LADO NEGRO QUE HABITA EM NÓS

Há pouco tempo uma colega me mandou um e-mail com uma mensagem bastante instigante. Referia acerca da SOMBRA, “um termo utilizado na psicologia para definir nosso lado oculto, nossos defeitos, medos, aquilo que acreditamos ser feio em nós e escondemos dos outros. Ou ainda, aquilo que não queremos ver, o lado escuro, uma parte negativa da nossa personalidade”.
Carl Jung (psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica), denominou a sombra, como a pessoa que preferimos não ser.

Quem de nós ao conhecer alguém, se atreve a mostrar-se exatamente como é? Será que inicialmente, evidenciamos nossas fragilidades?

Todos temos o nosso lado negro, porém às vezes não nos atrevemos a olhar para este lado. Preferimos esconder as coisas ruins com medo de que o outro se afaste. Ainda dizia a mensagem que “escondemos conscientemente e até inconscientemente essas “sombras” para nos sentir amados, aceitos, sociáveis, de acordo com aquilo que idealizamos do nosso ser perfeito”.

Só que para ser quem não somos, é necessário desprender muita energia – e depois chega um momento que esta sombra reprimida vai explodir! Quem sabe,  através do corpo, em forma de doença Ao sermos nós – sem máscaras, podemos ter uma sensação de desconforto, sentir medo, talvez pavor, mas somente aceitando nosso lado obscuro, cada um a sua maneira, com sua singularidade, é que poderemos ser livres!
Combater esta sombra não é o caminho, mas sim aceitá-la, acolhê-la. Para o budismo tibetano não devemos dar combate aos demônios, mas alimentá-los.
Proponho então, que deixemos ser amados por quem verdadeiramente somos, sem máscaras, nem representação de papéis. Que possamos acolher nossos medos, defeitos, dissabores, nossa SOMBRA. A luz é essencial aos olhos, mas a sombra é essencial a alma! É um desafio, mas faz parte da natureza humana. Somos os dois lados da moeda. Somos o norte e o sul, o bom e o mau, o chato e o interessante. Enfim, não somos perfeitos, mas como humanos que somos, podemos ser amados em nossa totalidade, mesmo com nossas sombras.


“Hoje acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz...”

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CULPA OU VERGONHA, se você pudesse o que escolheria?

Sem titubear, eu responderia, prefiro a culpa.
Embora essas emoções estejam intimamente ligadas, elas são distintas. Temos a tendência de sentir culpa quando violamos regras estabelecidas socialmente ou quando não correspondemos aos padrões e princípios que estabelecemos para nós mesmos.
Para nos sentir culpados precisamos do olhar do outro, ou seja, que outras pessoas nos aprovem ou recriminem, porque nunca estamos sozinhos nessa. Geralmente nos culpamos porque algumas crenças e valores foram transmitidos em algum momento do passado. Quando crianças, recebemos regras, um monte de normas, por exemplo, você não pode falar palavrão, não pode bater no seu irmão. Se você tiver um caso extraconjugal e for descoberto, muito provavelmente você vai se sentir culpado, porque a nossa sociedade condena a traição, fomos ensinados – nos foi passado valores acerca do casamento monogâmico. Entretanto, se você vivesse em sociedades que permitissem a poligamia, como a muçulmana, por exemplo, você não sentiria culpa nenhuma. A culpa vem sempre das regras que a gente recebe.
A vergonha envolve a sensação de que fizemos algo de errado - o que significa que somos “inadequados”, “terríveis”, “podres” ou “maus”. A vergonha está geralmente ligada a uma visão altamente negativa de nós mesmos, é diretamente referida à auto-estima.
É comum às vezes "morrermos de vergonha" de certos atos, situações que talvez ninguém jamais nos culparia. Por exemplo, podemos sentir vergonha se caímos no meio da rua. Quando nos envergonhamos, o olhar do outro atrelado ao nosso desprezo por nós mesmos torna viver o momento insuportável. Todos estão ali, mas o envergonhado gostaria de desaparecer para que a falha que o envergonha não fosse percebida. A vergonha tem a ver com uma depreciação fatal, instantânea de nós mesmos. Quando alguém enrubesce, aquele que o vê enrubescido pode nem saber por que, mas o envergonhado sente que está inadequado, estabanado, ou simplesmente errado.

Culpa e vergonha frequentes significam que ou você está vivendo sua vida de um jeito que transgride seus princípios ou que você está julgando um número excessivo de pequenas ações como sendo sérias.
Existem cinco aspectos em relação à superação da culpa e da vergonha: avaliar a gravidade de suas ações, pesar a responsabilidade pessoal, fazer reparos de quaisquer danos que você tenha causado e o autoperdão. Frequentemente, apenas uma ou duas dessas etapas são necessárias para nos ajudar a superar a culpa. A superação de vergonha profunda pode exigir todas as cinco etapas, razão esta pela qual eu escolhi a culpa sem titubear.
Contudo, ninguém é perfeito. Todos nós, em algum momento ou outro, violamos nossos próprios princípios ou padrões. Mas violações não significam necessariamente que somos pessoas más. Nossas ações podem estar relacionadas a uma situação em particular ou a uma época específica de nossas vidas.
Fonte: Greenberger, Dennis. A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O MUNDO DO OUTRO

Hoje me peguei a devanear acerca da arte que é saber conversar. É curioso observar nas relações como o que temos a dizer é mais importante do que ouvir aquilo que o outro nos refere. Todo mundo quer falar, ser ouvido, mas ninguém quer se dar ao exercício de aprender a escutar ou ficar em silêncio – por ledo engano, consideramos que sempre temos que dar a nossa opinião sobre determinado assunto. Parece-me que cada vez mais, desaprendemos a conversar.

Um dos objetivos da conversa, da comunicação - é nos aproximar do outro, criar um laço afetivo, fazer contato. É claro que em alguns momentos é necessário um contraponto, um campo de intercessão, porém, não nos damos conta que conversar não é persuadir o outro, muito menos seduzir ou convencer.
Quantas vezes olhamos a nossa volta e “achamos” que as pessoas estão conversando, mas não é exatamente isso o que ocorre. Gosto muito da profundidade em que Márcia Tiburi - filósofa que tenho verdadeira admiração, aborda sobre essa temática.
“Conversações estranhas, porque sem diálogo, aparecem quando numa festa, num encontro casual, ou na escola, no trabalho, ou mesmo em casa, contamos sobre um filme que vimos. A pessoa a quem nos dirigimos, quem deveria conversar sobre o que lhe dizemos, recorre imediatamente a outro filme que ela viu ou diz não gostar de cinema. Fazemos isso e assim nem conversamos sobre o filme assistido por quem narra o fato, nem o visto por quem o ouve. Perdemos a capacidade de prestar atenção no que foi dito. A capacidade de escutar está em extinção. Se usarmos outro exemplo perceberemos o fenômeno de modo ainda mais claro: quando alguém fala de seus problemas, o outro, aquele que deveria ouvir, sempre comparece com seus exemplos interrompendo a atenção necessária à exposição do primeiro, quando não chega a dizer “não quero ouvir, pois isso não me acrescentará nada”, como se conversar – o que fazemos de mais humano - fosse uma troca mercantil de lucros e ganhos. Ou ainda, interrompe com um “eu sei” prepotente, inviabilizando toda descoberta. Em outras palavras, nos tornamos – em graus variados - incomunicáveis. Em tempos de comunicação de massas, numa sociedade estimulada pela mídia que nem sempre cumpre com seu papel de comunicar, esta se tornou uma questão essencial”.
Ao invés de tentarmos moldar o outro com nossas medidas prontas, podemos desfrutar sim de seu mundo subjetivo, de suas opiniões, ouvir suas questões, suas lamentações e compreender seus desejos, frustrações, crenças e necessidades.
Definitivamente, hoje cheguei à conclusão que saber escutar é uma arte! Portanto, precisamos aprender a conversar, seja um artista e descubra através da escuta um pouco mais sobre a forma peculiar que é o MUNDO DO OUTRO.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CULTO AO PASSADO

Hoje compartilho com vocês uma reflexão sobre o filme MEIA NOITE EM PARIS, recomendado por minha amiga Ju.

Gil (Owen Wilson) interpreta um roteirista que viaja a Paris com a noiva Inez (Rachel McAdams) e os pais dela. Durante o dia, ele passa o tempo com a família milionária e seus amigos esnobes. À noite, ele é transportado para outra Paris, muito mais interessante e curiosa.

O filme retrata um cenário encantador e romântico, na Cidade Luz é claro! Woody Allen, antes de tudo, mostra a mágica do amor, porém aborda como tema central a eterna insatisfação do Homem perante a vida, daí a fuga do protagonista para outra "realidade" em busca da felicidade, da paixão e desejo por um passado que ele não vivenciou, onde surgiam os grandes ídolos que ele admirava em seu presente insatisfatório.

Bom, quantos de nós já não sentimos essa insatisfação em algum momento?

  
O culto ao passado, essa coisa de achar que eu perdi o melhor da festa é um sentimento muito comum entre as pessoas, ou seja, acreditamos que o tempo presente é menos interessante do que outros tempos passados. Como disse minha amiga Historiadora Juliana, "claro que é importante e até mesmo necessário conhecer o que veio antes, mas por outro lado, é também um desperdício quando supervalorizamos esse passadismo".

Talvez viver o aqui e agora, ou seja, estar presente no hoje seja um dos maiores desafios que temos a enfrentar. Este tempo é o único que a gente tem, por isso, "deveríamos" - pelo menos tentar, aproveitá-lo da melhor forma possível.

E você? Como vive a vida? De passado, futuro, ou de aqui e agora?
De maneira geral, não vivemos o presente. É claro que não existe nenhuma receita pronta, mas parece-me que precisamos "nos desligar" de alguns pensamentos às vezes, e prestar atenção ao nosso redor, nas coisas que estão acontecendo, mesmo as coisas simples. Vale a reflexão!