Sem titubear, eu responderia, prefiro a culpa.
Embora essas emoções estejam intimamente ligadas, elas são distintas. Temos a tendência de sentir culpa quando violamos regras estabelecidas socialmente ou quando não correspondemos aos padrões e princípios que estabelecemos para nós mesmos.
Para nos sentir culpados precisamos do olhar do outro, ou seja, que outras pessoas nos aprovem ou recriminem, porque nunca estamos sozinhos nessa. Geralmente nos culpamos porque algumas crenças e valores foram transmitidos em algum momento do passado. Quando crianças, recebemos regras, um monte de normas, por exemplo, você não pode falar palavrão, não pode bater no seu irmão. Se você tiver um caso extraconjugal e for descoberto, muito provavelmente você vai se sentir culpado, porque a nossa sociedade condena a traição, fomos ensinados – nos foi passado valores acerca do casamento monogâmico. Entretanto, se você vivesse em sociedades que permitissem a poligamia, como a muçulmana, por exemplo, você não sentiria culpa nenhuma. A culpa vem sempre das regras que a gente recebe.

Culpa e vergonha frequentes significam que ou você está vivendo sua vida de um jeito que transgride seus princípios ou que você está julgando um número excessivo de pequenas ações como sendo sérias.
Existem cinco aspectos em relação à superação da culpa e da vergonha: avaliar a gravidade de suas ações, pesar a responsabilidade pessoal, fazer reparos de quaisquer danos que você tenha causado e o autoperdão. Frequentemente, apenas uma ou duas dessas etapas são necessárias para nos ajudar a superar a culpa. A superação de vergonha profunda pode exigir todas as cinco etapas, razão esta pela qual eu escolhi a culpa sem titubear.
Contudo, ninguém é perfeito. Todos nós, em algum momento ou outro, violamos nossos próprios princípios ou padrões. Mas violações não significam necessariamente que somos pessoas más. Nossas ações podem estar relacionadas a uma situação em particular ou a uma época específica de nossas vidas.
Fonte: Greenberger, Dennis. A mente vencendo o humor: mude como você se sente, mudando o modo como você pensa. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999.
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